Companhia Paulo Ribeiro
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UM SOLO PARA A SOCIEDADE

2017
conceito São Castro
coreografia, desenho de luz e figurino
António Cabrita e São Castro 
música original São Castro
música adicional Daniel Bjarnason, Hildur Gudnadóttir, 
Jean Sibelius e Jean-Baptiste Lully 
interpretação Miguel Santos 
agradecimentos Conservatório Regional de Música
Dr. Azeredo Perdigão – Viseu
produção Companhia Paulo Ribeiro 
coprodução Teatro Viriato
fotografia de capa  ANTÓNIO CABRITA e SÃO CASTRO

Vídeo promocional        


2017
ESTREIA 09 junho (Teatro Viriato, Viseu)
24 novembro “New Age, New Time”, Teatro Viriato
07 de dezembro - “Festival Y#13 - Festival de artes performativas”, Covilhã

2018 
23 e 24 de fevereiro - Teatro Municipal Joaquim Benite, Almada
28 de abril - Teatro Municipal Sá de Miranda, Viana do Castelo
15 de setembro - “Festival Dance, Dance, Dance” / Teatro das Figuras, Faro

Nota de criação​

Partindo de um texto que é uma peça de teatro, mais especificamente um monólogo, lançamo-nos o desafio de criar um solo sem o recurso à palavra, mas que contenha, o fundamento eloquente do texto.
No monólogo “O Contrabaixo”, Patrick Süskind coloca metaforicamente a hierarquia de uma orquestra em paralelo com a organização da sociedade: o contrabaixo visto como um indivíduo e o indivíduo como instrumento, como peça importante mas escondida na teia social; os ruídos e convenções decalcadas no quotidiano que convocam ao isolamento e caracterizam, desta forma, o mundo indiferente e hostil para o indivíduo. No fundo, a relação entre uma orquestra, os seus elementos e a estrutura social contemporânea. 

Nesta criação pretendemos aprofundar a relação que se estabelece com o espectador, e vice-versa, através da reflexão sobre como as pessoas que ocupam um território comum, sendo também de, certa forma, constituintes de uma cultura comum, se relacionam entre si, sobressaindo do grupo o indivíduo e, por conseguinte, a sua natural vontade de sobressair. No entanto, ao mesmo tempo que preserva e deseja manter-se isolado na sua individualidade, acaba sempre por sentir-se impelido para o grupo. Surgem assim as diferentes regras e normas de convivência, estabelecendo-se a moral e todas as demais imposições inerentes à sociedade.

Um solo diante da sociedade, o público. Um público que observa o indivíduo, um intérprete que observa a sociedade. Um intérprete que questiona e avalia a sua importância num grupo mantendo a sua individualidade, que supostamente o caracteriza, numa estrutura que tem tendência a produzir o semelhante e o típico. 

Não será um tema ou pensamento novo nunca antes abordado… aliás, deverá ser a maior questão que um ser humano coloca não só uma, mas várias vezes, durante a sua vida. E sempre houve grandes pensadores dedicados às questões de relacionamento e identidade entre o indivíduo e a sociedade.
Assim como no texto original, a música é um veiculo de desapego do mundo exterior e determina em grande parte a assinatura de uma identidade, através dela e acompanhados por ela, ampliaremos o potencial de criar um acesso directo à essência do que não é naturalmente visível, utilizando apenas o corpo e a sua capacidade de pensar e exprimir-se sobre alguns dos grandes temas que norteiam a condição humana. Emprestar o corpo para a emergência do pensamento, e vice-versa, sem querer impor ou definir uma perspectiva. Exactamente por esta razão a dança é abstrata, e assim sendo, de certa forma igualmente democrática.


António Cabrita e São Castro [fevereiro de 2017]

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